Segunda opção

Imagem: Google



Certo tempo atrás uma amiga - que não irei nomear - me comentou que às vezes se sentia “a segunda opção”. Aquela afirmação bateu fundo em meus pensamentos, talvez porque tenha me colocado na posição dela e por tentar imaginar os momentos em que a gente se sente a segunda opção.

Vamos ser francos que ninguém gosta de ser a segunda opção. Chegar ao segundo lugar, ainda que nossos pais e alguns professores tenham nos ensinado que, também, é louvável e que temos certo valor, ainda assim, dói e não é nada empolgante.

Queremos ser “a bolacha mais recheada do pacote”; queremos ser lembrados; esperados; ser aquela pessoa que o outro lembrará para contar sua grande novidade. Sim, queremos ser os primeiros.
E o que fazer quando se é a segunda opção? Reclamar? Esbravejar? Deprimir? Lembro-me que falei para minha amiga que, certamente, ela não seria uma segunda opção para algumas pessoas de seu convívio e que diariamente deveríamos fazer um exercício de aceitação às opções do outro.

Ela contrapôs com alguma resposta ao meu argumento e respondi: “Pois é, eu sei que não é fácil”. Talvez não seja fácil por conta de nosso “ego”. Quem não gosta de se sentir amado? Preferido? É o quadro perfeito você pensar: “amo, logo sou amado da mesma maneira”. Nunca precisei disputar o amor de minha mãe, mas para quem tem vários irmãos deve ter aprendido que essa equação nem sempre é assim!

Seguimos em nosso diálogo eu e minha amiga. Disse a ela que infelizmente (ou felizmente) as relações não são uma estrada de pista uniforme, às vezes ela possui curvas e alguns buracos que machucam um pouco nossos sentimentos. Às vezes a mesma estrada que você constrói para o outro trilhar ao seu lado, não é exclusiva e nem sempre você vai ser o primeiro a ser lembrado para compartilhar aquela grande novidade ou aquela dor que o outro esteja passando.

Primeira ou segunda opção todo mundo é, foi ou será alguma vez na vida. Carlos Drummond de Andrade escreveu um poema que falava dessa equação desigual: “João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria...”, no caso da minha amiga ela falava de outro tipo de segundo lugar, aquele que a gente não reclama, mas que, de alguma maneira, vai consumindo a gente um pouco por dentro; aquele em que você se sente do lado de fora da vida da pessoa que da sua parte você deixa as portas escancaradas da sua vida para ela entrar.

Arrisco dizer que no fim a gente acaba organizando as pessoas de diversas formas: haverá aquelas que você sabe que te darão um super colo; outras que te darão um “xingão” daqueles que era bem o que você precisava ouvir; outras serão mais compreensivas; umas mais sentimentais ou nem tanto; algumas te chamarão para andar pela cidade e distrair a mente; outras te chamarão para fazer parte da vida delas no primeiro contato e outras nunca se abrirão por completo.

O que não disse para minha amiga é que até mesmo eu já tive – e algumas vezes ainda tenho – esta impressão. Eu sei que ela responderia rapidamente que sou “top”, mas digo que desconheço quem seja “Top of  Mind” em todas as situações.

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