Quando alguma coisa se perde


Imagem: André Teixeira

Muitas coisas se perdem (e se ganham) no percurso da vida. E tem aqueles dias em que a gente acorda com a sensação de que alguma coisa se arruinou. Ao sentir isso parece que fica uma espécie de vazio no peito e a idéia do que “era antes, já não é mais”. Muitas coisas se perderam pelo caminho, mas o que mais dói é perceber que o que foi perdido foi uma amizade ou pessoas que você gosta muito.

Não sou boa com perdas, mas quem o é? Há aqueles que digam que perder prepara a gente para a vitória, mas vamos falar a verdade, ninguém quer sair perdendo toda vez que se propõem a algo, toda vez que se expõe. Não gosto de deixar de ganhar em uma competição ou em uma seleção. Quando quero alguma coisa realmente, não aprecio “nadar contra a maré e morrer na praia”.

Impressionante como as fotos guardam um poder especial sobre nós, não? Pense comigo: um belo dia você está sem nada para fazer ou, ainda, está com aquele espírito saudosista, pega seus álbuns e começa a rever momentos vividos. Revendo algumas fotos, de repente me senti um pouco perdedora. Alguém já disse por aí que nosso maior tesouro são as pessoas que conquistamos à beira de nossa passagem e, por isso, confesso que perdi (ou será que estou perdendo?) estes tesouros significativos para mim, sem saber o “porque” e nem “quando”.

Aquelas fotos que você vai revendo e revivendo, contêm os sorrisos destas pessoas e um brilho no olhar que hoje de repente podem parecer distantes delas quando você as revê em um encontro casual ou naquelas festinhas de amigos e família. Ninguém é feliz constantemente, mas confesso que sinto saudades de estar ao lado destas pessoas e sentir que estou sendo acolhida por elas como antigamente. A discrição me impossibilita de dar-lhes nomes aqui, mas é através das palavras que posso fazer minha reflexão diante desse estado de “perda total”.

Se pudesse confessar e, já constatando, sinto falta de nossas risadas, o compartilhar de idéias, de sentir que minha presença é esperada e desejada, do aconchego e do carinho. Sinto, ainda, a ausência da divisão de ideais, de ficar acordada até de manhã na praia em sua companhia, de ficarmos deitadas lado a lado rindo de qualquer bobagem por relembrar acontecimentos passados. Ah, não esquece que sinto carência, também, da gente jogando conversa fora naquele programa de mensagens instantâneas, de me sentir sendo a primeira pessoa para quem você conta suas conquistas e para quem você pede uma opinião.

Quantas vezes choramos juntas? Ao telefone as melhores e as piores notícias...as cartas que trocamos e os cartões de natal e ano novo. Você já deve ter pensado tudo isso e tido a vontade e ligar para seu amigo pra confessar todas estas verdades que ora confesso. Mas o que acredito é que nada disso o tempo apaga, mesmo que sua (ou seu) amiga/ amigo se esqueça de repente e que a vida acabe por atropelar todas essas coisas maravilhosas, ainda assim, em algum cantinho da alma tudo isso vive e espera por reencontrar nos olhos daquele alguém que dedico essa escrita.

Comentários

  1. Tenho muitos conflitos com a guarda de "registros" (talvez por isso trabalhe em uma biblioteca). É uma relação de amor e ódio que muitas vezes me consome. De um lado, o desejo de ter sempre tudo o que gosto perto de mim. Do outro, a necessidade do desapego. Desapego de lembranças, pessoas, passados felizes, coisas que não me permitam deixar nada passar em branco. No caso das amizades, aprendi com o tempo a pensar que as coisas mudam com o tempo (atitudes, ligações telefônicas, convívio) mas o sentimento de amizade, de amor, sempre se mantém se for verdadeiro. E no fim... é o que importa.

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